Limites Cia de Dança_Projeto Affordance

instalação transmídia

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Em 2013, fomos chamados pela Limites Cia. de Dança para conceber uma instalação transmídia em comemoração aos seus 20 anos de existência (1992-2012). Através de utilização transversal de linguagens artísticas distintas tais como dança, vídeo e música, o projeto examina os códigos estéticos e formais do processo de investigação em dança contemporânea proposto pela companhia unindo corpos de intérpretes/criadores com e sem deficiência como colaboradores neste processo. O ambiente da vídeo-instalação propõe ao público a experiência do conceito de affordance, entendido como o amoldamento do corpo às demandas do ambiente, estabelecendo relações complexas entre a “arquitetura” do espaço, do gesto da imagem e do som com os princípios organizativos identificados na produção desta Companhia de Dança ao longo do tempo, quais sejam: 1 – produção da ordem pela ordem e 2 – produção da ordem pela desordem. No especifico, a instalação cria um sistema organizacional de narração circular no qual não existe uma trajetória linear com início meio e fim mas, de fato, diversos inícios que idealmente interagem com um espaço tridimensional X, Y e Z aludindo à coexistência entre ordem e desordem. Cada um dos três setores (X,Y,Z), ou inícios, contém um suporte físico composto por elementos tridimensionais para a projeção e fruição de um “banco de imagens” criado pela Companhia os quais convivem com mais um setor, ou mais um início, aqui denominado de memória, no qual são apresentados os registros de trabalhos coreográficos produzidos pela companhia principalmente na década de 1990. Nos setores X,Y e Z o público entrará em contato com três procedimentos artístico-experimentais criados pelos bailarinos a partir dos seguintes princípios de relação/affordance: 1 – corpo/câmera/cotidiano; 2- corpo/câmera/distorção e 3- proposição poética “carne em água”, resultante da emergência de recorrências ou padrões de relação estabelecidos durante a realização dos procedimentos 1 e 2. Além da experiência da coexistência entre processos de ordem e desordem, instabilidade e estabilidade presentes na convivência dos setores: memória e X,Y,Z, a vídeo-instalação propõe um sistema narrativo metafórico que alude à idéia de produção a partir dos espaços de convívio, onde ganharam vida as principais decisões e criações da Companhia. O conceito de convívio, presente na base da concepção da instalação, é proposto mediante a produção de formas diretamente relacionadas a objetos de uso cotidiano como uma mesa, um forno, uma panela e bandejas. Por sua vez, a relação/affordance via processos de instabilidade/estabilidade são sugeridos através do interno dos setores e nos elementos líquidos e sólidos que alteram em tempo real a sua própria configuração, sob a influencia de agentes externos como a temperatura, o efeito de ondas sonoras nos líquidos, e/ou o efeito de diferentes estímulos sonoros a serem criados para o ambiente da instalação. Neste contexto, para além das projeções das imagens pré-gravadas, a instalação propõe a captação e projeção de imagem em tempo real nas paredes do espaço físico da interferência de bailarinos/performers e do público em contato com a obra, assumindo a importância dos processos de autonomia de todos os subsistemas componentes desta instalação (artistas de diferentes áreas e público) como geradores de emergência da reinvenção e evolução do trabalho desta Companhia de Dança.   Setores   Setor Memória Totem com TV e DVD transmitem montagem de imagens de registro das atividades passadas da Companhia.   Setor X Mesa com objetos tridimensionais em forma de prisma realizados em material resinoso. As formas representam, de maneira metafórica, os produtos “acabados” derivantes da matéria transformada nos outros setores da instalação. As diversas faces dos prismas serão a base para a projeção de um vídeo mapping. /Users/gabrielabettega/Desktop/mesa fogao 5.11.dwg /Users/gabrielabettega/Desktop/mesa fogao 6.11.dwg   Setor Y Este Setor, composto por três “bandejas” planas repletas de água, examina a relação entre ordem e desordem mediante uma superfície liquida sob influencia de oscilações de freqüências diversas. As bandejas (que servem como tela de projeção para as imagens vídeo) são apoiadas sobre caixas acústicas que transmitem composições sonoras via vibrações às superfícies d’água. A serie de composições varia para cada bandeja, assim os sinais acústicos geram “patterns” de interferências e distorções diferentes. A relação direta entre sinais acústicos e “patterns” visuais regulares ou caóticos serão a base para uma estrutura em perene movimento que pode ser comparada a sinais acústicos em um espaço tridimensional. /Users/gabrielabettega/Desktop/mesa fogao 5.11.dwg Setor Z Uma panela de vidro cheia de liquido é colocada sobre um top cook elétrico, o efeito de ebulição do liquido, além de criar na própria superfície um “pattern” visual que funcionará como “tela” para projeção vídeo, remete a um processo alquímico que, como na cozinha, usa o fogo e a alteração de temperatura de uma dada matéria para modificar seu estado físico. /Users/gabrielabettega/Desktop/mesa fogao 5.11.dwg   Este processo além de transformar diversas matérias-primas em um produto artificial mais complexo (uma invenção) coloca em relação, sempre de forma metafórica, a percepção/adaptação tátil e sensorial do individuo às diferentes temperaturas. As experimentações que acontecem em cada setor são captadas por câmeras e projetadas simultaneamente nas paredes que circundam o espaço expositivo. O visitante é assim colocado no centro da própria instalação, criando um ulterior nível de interação e aumentando os valores perceptivos da relação entre individuo e sistema organizacional do espaço.